![]() 05/12/2013 17h52
Esperança
MOVIDOS PELA ESPERANÇA
Eles estão ali com os olhos vidrados, esbugalhados e extasiados por fazer parte orgulhosamente da turma do gargarejo. Uns carregam bandeiras, outros pintam o rosto com as cores do seu partido. Alguns colam adesivos dos seus candidatos na testa, nas bochechas, nos braços, em qualquer parte do corpo e da roupa. Sem medo de ser feliz, sem a menor noção do ridículo. Mulheres com seus filhos pequenos nos braços estão ali, na expectativa de ouvir mais promessas dos políticos que vão discursar, desde cedo. Não sentem cansaço. Não se importam nem um pouco com o sofrimento que passam para chegar ao local do comício, seja ele onde for e de que partido for. As músicas da campanha eleitoral embalam seus dias, suas noites sem cessar. O interessante é que também copiam ou gravam essas músicas para ouvir em casa, no celular, no radinho de pilhas ou em qualquer outro meio eletrônico ao seu alcance. As bandeiras, cartazes, adesivos dos mais diversos tamanhos tomam conta das paredes, portas, janelas, postes, qualquer objeto serve para colar um cartaz e divulgar a sua preferência eleitoral. Faltam poucos dias para a eleição. Fico impressionado com tamanha força que essa gente tem. Não ganham nada com isso. Não serão eleitos, não terão cargos na administração pública, mesmo que seus candidatos ganhem as eleições. Mas, alguma coisa move essa massa pelo menos uma ou duas vezes por semana aos comícios e concentrações em busca de novidades. O que eles pensam? O que esperam dos políticos candidatos? Será que alguma coisa vai mudar nas suas vidas? Nas vidas dos que forem vitoriosos no pleito vai mudar muito. Vão ganhar prestígio. Serão chamados de excelência. Suas respectivas contas bancárias vão engordar pelo menos de cinco a dez mil reais. Isso é certo. E na vida do eleitor? O que vai mudar? Seus filhos terão uma escola melhor? Os professores terão melhores salários, terão do que se orgulhar? A saúde pública vai sair do caos em que está? A segurança pública vai ser diferente nos próximos quatro anos? Não sabemos. São tantas as necessidades! Essa força estranha, capaz de mover essa massa toda aos comícios, indiferente ao cansaço, à fome, à sede e à dor chama-se ESPERANÇA. Publicado por Rubens Silva em 05/12/2013 às 17h52
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